O Brasil registrou ano passado o menor número de acidentes aeronáuticos em quatro anos. Foram 125 ocorrências envolvendo aeronaves homologadas. Esse poderia ser também um indicador da redução do trabalho do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA), órgão responsável por investigar esse tipo de ocorrência no País. Mas, ao contrário, a atuação do CENIPA só tem aumentado. Isso porque a organização não só investiga os acidentes aeronáuticos, mas investe – primordialmente – em ações voltadas para a prevenção desses casos.
Cerca de 1.500 alunos foram capacitados nos 17 cursos oferecidos pelo CENIPA em 2015. Além disso, mais de 3.800 pessoas, entre civis e militares, participaram de palestras e simpósios promovidos pelo órgão em todo o País. As instruções são dirigidas principalmente para militares das Forças Armadas, pilotos, mecânicos, gestores, tecnólogos, engenheiros, médicos, psicólogos, procuradores, funcionários de aeroportos, comissários, alunos de aeroclube e profissionais ligados à indústria aeronáutica.
“Estatisticamente, a aviação mostra uma redução significativa de acidentes e incidentes, cujos fatores contribuintes são muitos. Um deles, com toda a certeza, é a formação e conscientização de profissionais da comunidade aeronáutica sobre temas relacionados com a operação segura da aviação”, explica o Chefe da Divisão de Formação e Aperfeiçoamento do CENIPA, Tenente-Coronel Francisco José Azevedo de Morais.
A grade abrange cursos de prevenção de acidentes aeronáuticos nas áreas de controle do espaço aéreo, manutenção de aeronaves, aviação militar, civil e agrícola, fator humano, fator material, atividades aeroportuárias, além de cursos de Sistema de Gerenciamento da Segurança Operacional; básico de gravadores de voo; introdução ao Sistema de Aviação Civil; introdução ao Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos; entre outros. Segundo o Tenente-Coronel Morais, o Curso de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CPAA) é um dos principais dentre os oferecidos.
A atividade aborda conteúdos como erro humano, acidente organizacional, prevenção no aspecto psicológico e médico, prevenção na manutenção, risco da fauna, análise de tendências, relatório de prevenção, segurança nas pistas e pátio de manobras, prevenção na operação de helicópteros, decolagem segura e vistoria de segurança de voo. O curso é ministrado em duas semanas e ocorre anualmente. Brasileiros e estrangeiros com envolvimento no segmento aeronáutico podem se candidatar a uma vaga na instrução.
Os cursos são desenvolvidos com base em conceitos pedagógicos atualizados periodicamente. “A experiência do corpo docente do CENIPA, os dados obtidos em campo e o retorno por parte dos alunos contribuem para a melhoria contínua da grade curricular dos cursos”, afirma o militar. As ações de prevenção contam também com a participação do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), indústria do setor aeroespacial, entidades do Comitê Nacional de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CNPAA), empresas e operadores aeronáuticos.
Como se matricular
Para se candidatar a uma vaga dos cursos do CENIPA, o interessado deve fazer uma solicitação de matrícula na página da instituição – www.cenipa.aer.mil.br – na aba “Cursos”. Os prazos e os pré-requisitos para participar da seleção variam de acordo com a opção escolhida. O calendário com a previsão de datas, cursos e condições para matrícula estão disponíveis no site. Todos são gratuitos. “Os cursos são planejados de forma a capacitar profissionais para desempenharem atividades de prevenção de acidentes aeronáuticos”, explica o Vice-Chefe do CENIPA, Coronel Marcelo Marques de Azevedo.
Relatórios finais
Outra ferramenta que o CENIPA utiliza para prevenir acidentes são os relatórios finais de investigação. Em 2015, foram publicados 187 documentos desse tipo no site do CENIPA. “Os relatórios das investigações de ocorrências aeronáuticas disseminam conhecimentos e aprendizados que auxiliam toda a comunidade aeronáutica quanto aos fatores e condições que contribuíram para aquele evento e também disseminam recomendações de segurança que visam a evitar que eventos semelhantes voltem a acontecer no futuro”, explica o Assessor de Estatística do CENIPA, Tenente Cleibson Aparecido de Almeida. Qualquer cidadão pode consultar as informações sobre as investigações já concluídas pelo CENIPA e as recomendações de segura nça na página da organização na internet.
Fonte: Agência Força Aérea, por Ten Evellyn Abelha